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O papel do DDD em conectar tecnologia e negócio

Em diversas empresas e projetos pelos quais passei, percebi que o time de engenharia de software costuma assumir um grande protagonismo no desenvolvimento do produto. Muitas vezes, são os desenvolvedores que mais conhecem o funcionamento do sistema — seus fluxos e possíveis falhas.

Além disso, não é raro que a complexidade técnica acabe ofuscando a complexidade do negócio. Em muitos casos, a equipe de engenharia subestima a importância de dialogar com os especialistas do domínio, buscar clareza nos fluxos ou compreender profundamente as regras de negócio que realmente movem o produto.

Por outro lado, os especialistas de negócio acabam influenciados, passam a falar a linguagem da engenharia e limitam suas ideias com base em restrições técnicas, sem desafiar a tecnologia a resolver o problema de alguma forma criativa.

Sem clareza nas regras de negócio, uma linguagem comum e entendimento compartilhado dos contextos, a engenharia corre o risco de modelar sistemas, APIs e estruturas de dados que não refletem, da melhor maneira, o problema de negócio — o que dificulta o entendimento e a evolução do produto. E, à medida que o sistema cresce, mais difícil se torna adicionar novas funcionalidades.

É justamente nesse ponto que o Domain-Driven Design (DDD) se torna uma ferramenta essencial. Criado por Eric Evans em 2003, o DDD propõe que o software seja construído a partir do domínio de negócio — não da tecnologia. Ele defende a colaboração constante entre desenvolvedores e especialistas, o uso de uma linguagem ubíqua (comum a todos) e a separação entre o núcleo do domínio e as preocupações técnicas.

Aplicar DDD é mais do que seguir padrões de design: é adotar uma nova mentalidade. Significa colocar o entendimento do negócio no centro do processo de desenvolvimento.

Sistemas orientados ao domínio são mais coerentes, fáceis de evoluir e de manter. O código deixa de ser apenas uma solução técnica e passa a representar a essência do negócio.

Porém, o ganho não é apenas no código e no sistema, mas também no time, que fica mais fluente no negócio, mantendo uma linguagem compartilhada que reduz o risco de ruídos de comunicação.

O DDD nos lembra que a tecnologia existe para servir ao negócio — e que, no fim das contas, a complexidade técnica só existe para resolver a complexidade do domínio.

Aprender DDD é mais do que dominar uma técnica: é mudar a forma como enxergamos o software. Ao compreender o domínio e colocar o negócio no centro, criamos produtos mais sólidos, relevantes e sustentáveis. No fim, o verdadeiro diferencial de um bom desenvolvedor está em entender o problema que o código precisa resolver.